Reunião de Meio de Safra Fermentec
A Reunião de Meio de Safra 2012 da Fermentec é uma oportunidade para os clientes contratuais aprimorarem suas tecnologias e definirem novas diretrizes para a operação de suas unidades industriais.
Na edição de 2012 os destaques foram as mudanças já realizadas e em fase de implementação nos boletins de médias semanais – o acompanhamento dos parâmetros da produção feitos pelas usinas, os desafios do setor para a próxima safra e os resultados bem sucedidos com o uso de leveduras personalizadas no processo de fermentação.
Segundo Claudemir Bernardino é possível avaliar os parâmetros de gestão na semana para saber como está o processo como qualidade da cana, moenda, tratamento do caldo, torta, mosto e fermentação, controle de insumos, análises complementares e análises do açúcar.
Os indicadores para a gestão do processo industrial viabilizam as operações para um baixo consumo de insumos e aumento de rendimento “Em uma moagem de dois milhões de toneladas, 1% corresponde a 52 mil sacas. É preciso ter noção do que se perde na produção, por isso gerenciar bem é ter informações confiáveis”, afirma Claudemir.
A Fermentec utiliza correlações estatísticas desde 1978. A partir de 2007 a 2011 começou o controle mais intenso das variáveis da fabricação do açúcar.
Fabricação do açúcar
Osmar Parazzi mostrou especificamente as mudanças nos parâmetros para as análises da fabricação do açúcar. Na safra 2011/12 foram analisados 21 parâmetros. Já na safra 2012/13 foram 41parâmetros e, para o próximo ano, o objetivo é analisar 46 parâmetros.
Fatores como o pH’, sulfitação, caleagem, decantação e pré-evaporação/evaporação se monitorados corretamente podem indicar pontos com problemas a serem corrigidos.
“Para a safra 2013/14 planejamos usar os mesmos parâmetros da atual nos boletins de médias semanais, incluindo a transmitância do caldo decantado, cor do caldo decantado, cor do xarope (simples e flotado) e cor do magma”, afirmou Parazzi.
Cromatografia para controle do açúcar
A cromatografia é uma técnica de separação de compostos, de substâncias. A técnica é usada para identificar os açúcares, monitorar a fermentação em tempo real e determinar quando o processo terminou com muito mais rapidez.
Existem três tipos de cromatografias usadas atualmente: a cromatografia gasosa, a líquida (HPLC) e a iônica. Nesta última, o eletrodo é específico para açúcar. Possui alta sensibilidade e tempo curto de análise, por isso é o método ideal, segundo Eduardo Borges.
Nas unidades, a cromatografia iônica facilitou o gerenciamento das análises, diminuiu o fator humano no resultado, melhorou a rastreabilidade, reduziu a geração de resíduos, melhorou o controle do processo e aumentou a produção de etanol mediante o monitoramento do final da fermentação.
Além dos boletins de médias semanais os parâmetros ambientais também estão sendo estudados pela Fermentec. No estudo, coordenado por Rudimar Cherubin, 62 unidades industriais foram divididas em nove regiões produtoras. Entre os parâmetros avaliados estavam ambiente, qualidade, tecnologia e produtividade.
A principal conclusão é que devem ser considerados os seguintes aspectos: diversidade de ambientes, manejo distinto para cada unidade, manejo varietal, que é imprescindível e a necessidade de adequação da indústria.
Acidez e contaminação
Entre os principais fatores que podem causar prejuízos à fermentação estão a acidez, especificamente o ácido aconítico, e a contaminação bacteriana. No caso do ácido aconítico é necessário fazer um rígido controle do pH, já que em meios ácidos a levedura é capaz de absorver todo este ácido orgânico. “Os ácidos orgânicos podem causar acidificação intracelular, inibir o metabolismo das células e afetar o crescimento das leveduras e bactérias”, explicou Mário Lúcio Lopes.
O ácido aconítico é o quarto componente principal do caldo de cana porque as pontas e folhas são muito mais ricas que o colmo da planta. O ácido está relacionado com a maturação, variedade, época da colheita e colheita mecanizada.
Sobre as bactérias, Henrique Amorim mostrou que a contaminação pode ser reduzida com o uso de leveduras selecionadas e personalizadas. Um dos piores problemas que podem acontecer na fermentação é a contaminação e a produção de manitol pelas bactérias. O acompanhamento feito nas unidades industriais mostrou que além da menor contaminação, o uso de leveduras selecionadas praticamente dobra a velocidade da fermentação.
Amorim também fez uma reflexão sobre a viabilidade em usar leveduras de panificação na fermentação “As leveduras são como um exército. Com uma grande proporção de leveduras selecionadas este exército fica mais forte, afirmou Amorim.
Leveduras personalizadas
Após a descoberta das leveduras selecionadas, que trouxeram um alto rendimento para a fermentação, o uso das leveduras personalizadas pode ser considerado um divisor de águas. No acompanhamento de leveduras foram avaliados os seguintes critérios: dominância e persistência, elevado rendimento e adaptação a um processo específico. As de panificação não atendiam a nenhum deles. Já as selecionadas dominavam as selvagens e tinham um elevado rendimento, mas não eram adaptada a um determinado processo. Faltava, portanto, a personalização.
Segundo Henrique Berbert Amorim Neto, as leveduras personalizadas atendem a todos os critérios e foram adaptadas a cada processo. Nas unidades industriais que aderiram a esta nova tecnologia, as leveduras apresentarem as seguintes relações de dominância: 66% CAT1, 75% PE2 e 87% FT 858L. Os outros 13% não são selvagens porque as usinas usam leveduras selecionadas. Já as personalizadas tiveram 98,5% de dominância. “Nunca houve um número tão elevado de dominância de uma levedura, é realmente um divisor de águas”, conclui Henrique Neto.
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