Para refletirmos sobre a safra 2023/24 e as perspectivas para a próxima, nada melhor do que utilizarmos os resultados e as curvas de classificação do Rating Operacional do BENRI.
Com base nos indicadores agrícolas apresentados na tabela abaixo, observa-se que o ano de 2023 manteve o avanço de 2022 nas áreas de plantio mecanizado. Já o índice médio de consumo de mudas evoluiu, mas não de maneira significativa, devido ao principal fato de o primeiro trimestre do ano ter registrado índices pluviométricos elevados e temperaturas elevadas, fatores que resultaram em um início de plantio tardio. A diminuição do índice de falhas no plantio é um reflexo do avanço do plantio mecanizado e do aumento dos treinamentos realizados para as equipes adquirirem maior conhecimento sobre o uso de novas tecnologias.
Os ganhos operacionais da colheita mecanizada refletem positivamente no rendimento diário médio das colhedoras, o que impacta diretamente na redução dos custos operacionais. Tais indicadores também sofrem impacto direto da melhora significativa do TCH e pelo incremento de melhorias no layout dos novos canaviais, sendo estes auxiliados pela melhoria e implementação de novas tecnologias no conjunto colhedora/transbordo.
Quanto aos tratos culturais, deu-se continuidade à otimização na área da soqueira fertilizada via vinhaça localizada, dando ênfase ao enriquecimento da fertilidade deste resíduo líquido. Já em relação aos resíduos sólidos (cinza e torta de filtro), observa-se um aumento da compostagem de ambos e o direcionamento para a utilização deste material no plantio em detrimento da aplicação nas soqueiras.
As condições climáticas do ano de 2023 impactaram diretamente no aumento da produtividade agrícola, possibilitando moagens recordes em diversas unidades produtoras. Entretanto, como o ganho de produtividade não impacta diretamente na qualidade da matéria-prima, houve uma pequena redução na qualidade da matéria-prima processada pelas indústrias. Há certa preocupação em relação ao TCH da próxima safra, visto as intercorrências climáticas de novembro de 2023 até o momento, além das expectativas da produtividade agrícola preocuparem devido à redução de dias disponíveis para o desenvolvimento dos plantios de 18 meses.
Fazendo uma avaliação do desempenho no setor agrícola das unidades produtoras do setor, nota-se um avanço significativo nos níveis de eficiência avaliados pelo BENRI em comparação à safra anterior, deixando a expectativa de como este ranqueamento se comportará em relação à próxima safra.
A avaliação a seguir demonstra as variações das curvas de corte do Rating Operacional do BENRI realizando o comparativo entre as safras 2022/23 (azul) e 2023/24 (laranja). Em termos de comparação, foi utilizada a média em termos de Rating (B) de 2022 para comparar os indicadores de 2023 que aumentaram, diminuíram, ou se mantiveram com o mesmo parâmetro de uma safra para a outra.
Observa-se que a Média da Extração se manteve estável (95,40%), o que é coerente com a variação da fibra e da embebição, que também se assemelharam entre as safras apresentadas. Por outro lado, percebe-se que o Tempo Aproveitado por Chuva diminuiu de uma safra para a outra, devido ao volume de chuva superior (de 524 mm em 2022 para 685 mm em 2023).
O Tratamento do Caldo também diminuiu nesta safra, principalmente pelo fato de a maioria das unidades ter trabalhado com uma temperatura maior na última caixa de evaporação, buscando produzir o máximo de açúcar possível, o que sobrecarrega os evaporadores. Esta tendência no aumento da produção de açúcar também foi um fator preponderante para explicar a diminuição na Fábrica de Açúcar, causando aumentos na temperatura e no pH no processo, acarretando em mais perdas.
Já na Fabricação de Etanol, houve melhorias no setor, que trabalhou com mais folga nesta safra e, apesar do grau alcoólico mais baixo (de 8,69% para 8,45%), outros parâmetros da fermentação, como a contaminação mais controlada, obtiveram boas performances. Também foi observado o aumento das médias de Automação no Processo, possibilitado pelo desenvolvimento e adesão das unidades em novas tecnologias, evidenciando os investimentos feitos no setor.
O Consumo de Vapor apurado em 2023 foi menor em relação a 2022, sinalizando um aspecto positivo. É importante frisar que este indicador medido pelo BENRI leva em consideração as características de cada cliente para a elaboração das curvas de corte para o Rating, ou seja, é considerado o mix de produção entre açúcar e etanol, entre quem produz anidro e hidratado e também a produção de açúcar VHP e branco, como parâmetros de comparação. Lembrando também que só se considera o vapor consumido no processo de produção de açúcar e etanol e desconsidera o vapor exclusivo para a geração de energia exportada.
Outro indicador que registrou aumento foi a Exportação de Energia, impulsionada não pela eficiência de produção, mas sim pela quantidade de energia disponibilizada para o mercado. Outro aumento a ser analisado é o de Funcionários na Operação, que mensura a quantidade de cana moída pelo número de funcionários no processo de produção, sendo um dos fatores de risco a ser observado no negócio.
Finalizando, temos o indicador de eficiência utilizado pelo BENRI, o RTC, que aumentou sua média de 92,74% para 93,03%, assim como a diminuição das Perdas Indeterminadas de 2,27% para 2,14%, representando a melhora do cenário do setor.
Estes foram alguns dos mais de 100 indicadores industriais acompanhados pelo BENRI mensalmente ao longo da safra e durante as visitas presenciais aos seus clientes.
O BENRI é patrocinador da Reunião Início de Safra Fermentec 2024