Reunião Início de Safra da Fermentec celebra recordes e indica ações para 2024

A Reunião Início de Safra de 2024 reuniu no dia 28 de fevereiro mais de 200 profissionais de usinas e destilarias clientes no Espaço Beira Rio, em Piracicaba, SP, em clima de comemoração dos resultados da última safra que teve diversos recordes batidos entre moagem, produtividade, além do RTC na indústria. De toda a produção nacional de açúcar e etanol, os clientes Fermentec foram responsáveis por 24% do total. A Reunião não se limitou aos dados da última safra apresentando uma diversidade de assuntos relacionados a tecnologias de monitoramento em tempo real, gestão, lançamento de levedura e novidades no açúcar.

Mais de 200 pessoas, entre profissionais e estudantes, participaram do evento no Espaço Beira Rio, em Piracicaba

Confira um resumo da Reunião Início de Safra Fermentec 2024:

Henrique Berbert de Amorim Neto

O presidente da Fermentec, Henrique Berbert de Amorim Neto abriu a programação da Reunião Início de Safra de 2024 ressaltando a importância da sintonia entre a agrícola e a indústria, áreas que tiveram recordes expressivos na safra passada e trouxeram muitas notícias boas para o setor. Segundo Amorim, o trabalho desenvolvido pelas equipes por meio de tecnologia e parceria com as usinas fizeram as mudanças acontecerem. E o futuro? A observação no campo e o contato estreito com a consultoria é que guia o trabalho da Fermentec para produzir conhecimento e inovação em novas leveduras, sistemas de monitoramento em tempo real, novos coprodutos de valor agregado e melhorias no processo da indústria 4.0. Dentro de um novo ambiente de inovação, Amorim encerrou fazendo uma analogia com o brinquedo Lego, ou seja, as peças devem ser conectadas para alcançar mais conhecimento e chegar ao sucesso.

Thierry Couto, do BENRI

Thierry Couto, do Benri, abordou as perspectivas do RenovaBio, Política Nacional de Biocombustíveis, implantada para promover a expansão dos biocombustíveis na matriz energética, auxiliar o país no cumprimento das metas do Acordo de Paris e assegurar previsibilidade para o mercado de biocombustíveis. O programa passa por discussões sobre possíveis mudanças e por isso Couto promoveu uma reflexão sobre os resultados que vem sendo obtidos pelo RenovaBio. A emissão de créditos de descarbonização (CBIOs) passou de pouco mais de 18 milhões em 2020 para mais de 116 milhões até 2023. Até 22 de fevereiro deste ano, já foram emitidos mais de 122 milhões CBIOs. Em volume negociado de CBIOS o montante chega a mais de R$ 20 bilhões. Apesar do sucesso dos números dos últimos anos, ainda há desafios e por isso a Agência Nacional do Petróleo (ANP) vem promovendo audiências e consultas públicas para fazer alterações, as quais têm o objetivo de garantir previsibilidade para atualizações na RenovaCalc e aumentar a oferta de créditos de descarbonização. Diante deste cenário, a participação das unidades produtoras nas discussões regulatórias é fundamental.

Claudemir Bernardino

Claudemir Bernardino, da Fermentec, destacou os recordes da safra 2023/24 tanto na agrícola quanto na indústria. A moagem bateu recorde histórico dos últimos cinco anos de 650 milhões de toneladas de cana moída, permitindo a produção de quase 35 bilhões de litros de etanol (84% dos clientes aumentaram a produção de etanol na safra passada). Dentro desses números, os clientes Fermentec tiveram uma participação de 24%, o que é bastante expressivo. As unidades contratuais produziram 21% a mais de cana na última safra e a produtividade em ATR teve aumento de 15%. São números a serem comemorados, segundo Bernardino. Na indústria, 64% dos clientes aumentaram o RTC nos últimos dois anos, sendo que nessa safra fecharam com média de 93,36%. Todo o acompanhamento e análise de indicadores norteiam novas metodologias e tecnologias que permitem a melhoria da eficiência e dos resultados. Para 2024, o sinergismo entre a agrícola e a indústria continuará sendo fundamental, além de um planejamento muito bem feito dentro dos cenários previstos.

Eder Silvestrini

A modernização dos laboratórios foi o tema da palestra de Eder Silvestrini. Sistemas de amostragem, equipamentos rápidos, precisos e sem interferentes, a integração entre equipamentos e os sistemas computacionais são pontos fundamentais para essa modernização. Um desses componentes para a modernização é a Espectroscopia de infravermelho próximo, o NIR, que retornou com força nos anos 2000. Atualmente, 45% dos clientes Fermentec utilizam o NIR, sendo 25% já integrado na rotina de análises e 20% em implantação. Uma usina após 30 dias da implantação já estava com 70% das análises de rotina feitas pelo NIR, um processo extremamente rápido. Mas para aproveitar ao máximo o potencial do NIR é importante fazer o monitoramento de rotina, com atenção, por exemplo, a alguns pontos estatísticos, entre eles os vieses (tendências de valores), coeficiente de determinação e o desvio aceitável (SEP). Silvestrini também abordou outras boas práticas relacionadas à cromatografia e amostragem contínua.

Thiago Barbosa Mesquita

Thiago Barbosa Mesquita abordou a importância da gestão de rotina e aderência de processo, ou seja, é fazer o básico bem feito no contexto do GAOA. Diferentemente de confiabilidade, a aderência é a razão entre os pontos dentro da faixa de especificação e pontos totais em determinado período. É trazer os indicadores para dentro de uma mesma base e enxergar o processo como um todo. Depois da definição de categorias é possível fazer um check list e verificar o estado atual de cada item da categoria e se a padronização está sendo cumprida. A próxima etapa é a priorização das ações de correção, as que requerem um agir rápido, e as ações corretivas que tratem as causas. O segredo para rodar esse tipo de projeto é trabalhar aos poucos utilizando as ferramentas corretas de gestão. A direção é mais importante do que a velocidade e depende da missão de cada área.

O fundador da Fermentec, Henrique Vianna de Amorim: contribuições nos debates após as palestras

O mix mais açucareiro nas últimas safras exige processos mais eficientes na fábrica de açúcar. Por isso, Luiz Anderson Teixeira tratou do aumento da recuperação de fábrica de açúcar. Em 2023, o SJM médio das usinas foi de 75,84%. Pureza da cana, controle de temperatura e pH, brix das massas, recirculação de massa nos tachos, tempo de residência nos cristalizadores e a eficiência na operação das centrífugas são alguns dos fatores que afetam essa recuperação. Entre as recomendações para a melhoria do processo, é fundamental trabalhar com brix concentrado nas massas, principalmente na baixa pureza porque à medida que o licor mãe perde sacarose para o cristal, a super saturação diminui. Além disso, o cuidado na operação das centrífugas é fundamental para evitar o reprocessamento de açúcar e reduzir a pureza do mel final.

Luiz Anderson Teixeira

Fernando Henrique C. Giometti apresentou um estudo de caso envolvendo 10 usinas e a seleção de 36 correlações para tratar sobre os desafios da floculação, um dos fatores que mais impacta a fermentação. Foi elencada uma série de estratégias para combater a floculação. Na parte biotecnológica, as usinas que utilizam mais de mil quilos de leveduras selecionadas no início da safra conseguiram mantê-las por mais tempo. As leveduras personalizadas, que hoje são utilizadas por 39 usinas, têm apresentado as melhores taxas de dominância e persistência. A edição gênica também está entre as estratégias. A desativação de um gene na levedura permite que o inibidor aja apenas nas leveduras contaminantes. Além da trilha biotecnológica também foram abordadas técnicas industriais, como a limpeza e descontaminação de entressafra, procedimentos de centrifugação, como a centrífuga sedicanter, sistemas de agitação, entre outras medidas para controlar a floculação.

Fernando Henrique C. Giometti

A apresentação da tecnologia MedFloc foi uma das novidades da Reunião Início de Safra. Com o MedFloc, uma tecnologia revolucionária, é possível acompanhar on-line a floculação, detectar variações na velocidade de fermentação de uma ou mais dornas, além de determinar o final do processo fermentativo. Segundo Mário Lúcio Lopes, o sistema é formado por um turbidímetro, um manômetro, um coletor de amostra, um emissor de sinais e válvulas de abertura e fechamento. O sistema vai fazendo ciclos de coleta e análise e a floculação é identificada por causa da variação do NTU (unidade nefelométrica de turbidez) que muda o padrão, revelando que o levedo está se sedimentando, que está floculando. Diferenças de turbidez estão relacionadas com a sedimentação e floculação de leveduras. Já em relação ao final da fermentação, é possível sua determinação quando a levedura para de produzir CO2, processo também medido pela tecnologia MedFloc.

Na parte de destilação, Edemilson Bombo Lacerda alertou sobre a importância do trabalho de redução das perdas na degasagem. Embora essas perdas sejam de difícil quantificação, estima-se que elas podem ultrapassar 1% do etanol produzido, impactando o RTC, ou seja, a eficiência industrial. Monitoramento feito com o GAOA durante a safra 2022/23 mostrou que temperaturas superiores a 40 graus na degasagem tiveram um impacto significativo nas perdas. No entanto, quando são inferiores a 30 graus, as temperaturas prejudicam a qualidade do etanol. Lacerda apresentou algumas medidas que podem ser tomadas pela usina para controlar a qualidade do etanol e recomendações sobre temperatura para evitar as perdas.

Edemilson Lacerda

Claudemir Bernardino voltou ao palco para fazer o encerramento de mais uma Reunião Início de Safra fazendo referência ao tema do evento: Motor da Mudança na Indústria. Segundo Bernardino esse motor não se compra porque o motor são as pessoas. O setor tem desafios. O setor agrícola tem mudado muito. É preciso criar condições para o crescimento dos combustíveis sustentáveis e isso será feito com as pessoas, que devem ser ouvidas sobre as reais necessidades que existem. A padronização libera recursos e tempo permite que a empresa fique em desenvolver novos produtos e processos. Assim, os profissionais terão condições de criar e trazer benefícios para as empresas. Bernardino encerrou citando Santo Agostinho “mesmo que já tenhas feito uma longa caminhada, há sempre um caminho novo a fazer”.

Os alunos do curso de Química da FATEC de Piracicaba marcaram presença na Reunião Início de Safra
Esta entrada foi publicada em Reunião de início de safra e marcada com a tag . Adicione o link permanente aos seus favoritos.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *